quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fazendeiro cobra até lona de barraco dos escravizados

Aliciadas em Paragominas (PA), as vítimas foram encontradas no fim de janeiro em São João do Carú (MA), nas Fazendas Asa Branca I e II. Entre os escravizados, havia três adolescentes com 16 anos de idade e duas mulheres

Por Bianca Pyl

O grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo libertou 20 pessoas que eram obrigadas a pagar até pela lona que cobria o barraco improvisado como alojamento. As vítimas foram encontradas no fim de janeiro em São João do Carú (MA), nas Fazendas Asa Branca I e II. Entre os escravizados, havia três adolescentes com 16 anos de idade e duas mulheres.

Todos foram aliciados em Paragominas (PA) por um "gato" (intermediário na contratação). Eles faziam a "limpeza" da área, retirando arbustos e ervas daninhas, para expansão da atividade pecuária.

Os empregados eram obrigados a viver em dois barracos cobertos por lona preta e folhas de bananeiras que eles mesmo construíram. A estrutura dos barracos era de madeira roliça, facilmente encontrada na mata nativa. "O custo era zero para o empregador, já que a madeira e as folhas de palmeira ainda podem ser colhidas gratuitamente", explica Klinger Moreira, auditor fiscal do trabalho que coordenou a operação do grupo móvel.

O metro de lona preta custa R$ 0,50. Mas nem com essa despesa o empregador Francisco Costa da Silva arcou. Ele pretendia descontar o valor do material dos vencimentos dos próprios empregados.

Para preparar a comida, os trabalhadores construíram um fogão de barro, para ser alimentado a lenha. O objeto dividia espaço com as redes. Não havia instalações sanitárias e as vítimas utilizavam as imediações dos barracos como banheiro. As pessoas se banhavam em um igarapé. Para garantir um mínimo de privacidade, o grupo fincou palhas de palmeira para cercar o espaço em volta do local que permitia acesso às águas.

As roupas de cama utilizadas, compara Klinger, era semelhante às de moradores de rua. "Eram sujas e esfarradas. Mesmo assim, eram as únicas que eles dispunham para se proteger à noite. Ressalto que essas roupas de cama foram trazidas de suas casas", conta o auditor fiscal.

O empregador cobrava também pela péssima comida que fornecia aos empregados. Não havia local adequado para armazenar os alimentos. A água consumida vinha de caçambas cavadas diretamente na terra ou em córregos próximos ao acampamento. Nas frentes de trabalho, não havia água potável, banheiro e local para refeições.

Nenhum trabalhador possuía registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). O empregador pagou mais de R$ 63 mil referentes à rescisão do contrato de trabalho. As vítimas retornaram ao Pará, tendo suas viagens custeadas pelo empregador. Parte dos libertados estava na propriedade há cerca de um mês, desde 26 dezembro.

Os 17 adultos terão direito às três parcelas do Seguro Desemprego para Trabalhador Resgatado. Foram lavrados 12 autos de infração. O procurador do trabalho Marcos Rosa também participou da ação.

A Repórter Brasil não conseguiu localizar o fazendeiro para comentar o caso.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Posse comandada pelo povo

Além da posse oficial, o deputado Edmilson Rodrigues também participou da posse popular, organizada por militantes de movimentos sociais. Edmilson foi conduzido ao local do ato nos braços de populares que se aglomeravam em frente à Assembléia Legislativa a sua espera.

Ao lado dos Mestres Bezerra (capoeirista) e Laurentino (músico e compositor), Edmilson discursou emocionado reafirmando o seu compromisso com o povo do Pará. E sobre o seu voto para a mesa diretora, o líder do partido, disse que a eleição para a presidente da Assembléia repetiu velhos vícios em que o governo do Estado transforma o Poder Legislativo em mero apêndice de seus interesses. "O que justifica o consenso? Ao PSOL cabe coerência à delegação que me foi dada pelos votos da população. E o parlamento tem ser autônomo. Não pode ser uma Casa para representar os interesses do Executivo. A chapa foi totalmente construída pelo governo. Isso demonstra que dificilmente a Alepa será protagonista."

Leia mais no Blog de Edmilson Rodrigues


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quando o extraordinário se torna cotidiano


No poder a 30 longos anos Hosni Mubarak, presidente do Egito, está por um fio em razão das multitudinárias mobilizações que sacodem as ruas do Cairo e de todo o país.

Em menos de 35 anos sua população passou de 40 para 80 milhões, que o transformou no mais populoso país do mundo árabe. Esse crescimento, entretanto, não trouxe melhorias de vida para o povo.

Mais de 32 milhões de pessoas vivem com menos de 2 dólares Ocupa posição estratégica por deter o controle do Canal de Suez, por onde passam mais de 7% do tráfego marítimo mundial, por ser vizinho de Israel e por estar numa zona de transição entre Ásia e África. O Egito ferve diante da força do povo que exige a renúncia de Mubarak.

Nas eleições marcadas para setembro, o ditador de 82 anos queria passar ao seu filho Gamal Mubarak, o poder no país, mas o povo, com a força de sua mobilização, está mudando os planos dos Mubarak's.

As principais forças oposicionistas são a “Irmandade mulçumana”, responsável pela massificação dos protestos e a oposição dirigida por Mohamed El-Baradei, que namora com Obama e ao que parece com o próprio Mubarak (foi indicado pelo ditador para a AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica). Ademais voltou ao país só depois do início das manifestações que quase diariamente agitam a Praça Tahrir.

Na tentativa de conter os revoltosos, Mubarak trata de mudar alguns ministros, mas mantendo a essência autoritária de seu governo. O povo não se deixa enganar e exige a saída imediata de Mubarak, sem a qual não haverá acordo.

Certa vez Che Guevara afirmou que a revolução é quando o extraordinário se torna cotidiano. Bem, é isso que estamos assistindo no Egito. O povo nas ruas abala não apenas as estruturas de poder no Egito, mas toda a geopolítica da região. Não é a toa que Israel, EUA, Londres estão preocupados com o desenrolar dos fatos no Egito. A violenta repressão não diminuiu a intensidade dos protestos.

POSSE E PROTESTO

Logo mais as 9h,em vista da presença do governador Simão Jatene na cerimônia de posse dos novos deputados estaduais, os concursados realizarão a primeira manifestação de protesto de 2011, para cobrar as nomeações dos aprovados nos certames realizados pela administração pública estadual.