sábado, 9 de abril de 2011
Senadora Marinor Brito critica plano nacional de educação do governo federal
Senadora Marinor Brito lamentou o assassinato de 11 crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. Para ela, o episódio dificilmente poderia ter ocorrido em uma escola privada da classe média da Barra da Tijuca, por exemplo, onde, o atirador teria enorme dificuldade para acessar as salas de aula.
Leia aqui a íntegra do discurso sobre tragédia em escola no Rio:
O dia de hoje vai ficar marcado na história de nosso país, mas infelizmente a sua marca será a da dor de sofrimento das famílias das onze crianças da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro.
Os fatos são de conhecimento público. Um cidadão de apenas 24 anos, m ex-aluno da escola, entrou no ambiente escolar e atirou contra as crianças que ali estudavam. A tragédia não foi pior devido à providencial intervenção de um policial militar que foi chamado ao local.
Episódios como este não são comuns em nosso país, mesmo que a violência esteja presente no cotidiano de nossas cidades, especialmente as maiores. Nos Estados Unidos episódios como este são freqüentes e vitimaram dezenas de pessoas nos últimos anos.
Diante do episódio podemos ter várias reações e reflexões.
A primeira, sem sombra de dúvida, é de consternação e de sofrimento. Assim agiram as mães e pais das crianças e a maior parte dos brasileiros que pela manhã souberam do fato pelas televisões, rádios e internet. Até a presidenta Dilma se emocionou ao saber do fato. Eu também me emocionei, fiquei chocada.
Mas é preciso ir além deste sentimento solidário e humanitário. O atirador adentrou a escola portando dois revolveres calibre 38 e farta munição, pelo menos segundo os depoimentos que ouvi das autoridades policiais do Rio de Janeiro. Não consta informação de que houve algum obstáculo para sua ação. Não havia nenhuma segurança na escola, não havia nenhum instrumento que intimidasse a ação que, ainda segundo as autoridades policiais, teria sido premeditado.
E mais, o episódio demonstra o quanto à cultura de que cada cidadão pode ter uma arma em casa, que esta seria a melhor maneira de se proteger está disseminada em nosso país. E que é de todo muito fácil possuir uma arma no Rio de Janeiro ou em qualquer canto do território nacional. Não são apenas as armas contrabandeadas por traficantes, armas de grosso calibre, mas qualquer arma pode ser encontrada e acessada.
A violência atinge todas as classes sociais, isso é verdade. Mas não alcança a todos com igual intensidade, tampouco a Justiça age com igual ligeireza e presteza. A maior parte das vítimas de arma de fogo no Brasil são jovens, pobres e negros. Basta ler as estatísticas para saber disso. Conforme Relatório do Ministério da Justiça o número de homicídios aumentou 103% em 2010 na relação com o ano anterior.
A maior parte dos homicídios não resolvidos tem como vítimas pobres, moradores das periferias das grandes cidades.
Certamente este episódio poderia ter acontecido em uma escola de classe média da Barra da Tijuca do Rio de Janeiro ou no bairro do Morumbi em São Paulo, ou no Bairro de Nazaré na cidade de Belém, capital do Pará. Isso é verdade, por que pessoas armadas e perigosas existem em todas as classes sociais. Mas certamente o atirador do Realengo teria enorme dificuldade para acessar as salas de aula em escolas da elite localizadas nestes bairros. Isso demonstra também que as condições educacionais e de segurança são diferenciadas também socialmente.
Os pobres sofrem mais com a violência por que possuem menos proteção do poder público. Isto vale para as ruas que residem ou trafegam ou para as escolas que estudam.
É necessário que o Poder público tome providências. E as estas providências não podem ser apenas paliativos enquanto os holofotes da mídia estiverem ligados. E se tratando de uma escola na periferia do Rio de Janeiro, os holofotes não ficarão ligados por muito mais do que dois ou três dias, porque não se tratam de crianças filhas da elite brasileira.
É necessário segurança nas escolas públicas. Esse clamor chega aos ouvidos dos parlamentares todas as vezes que algum professor é espancado, que uma escola é assaltada, que um grupo rival invade o prédio para algum ajuste de contas, ou quando um homem invade e mata 11 crianças indefesas.
E sobre a questão de segurança o governo federal tem muito a falar e a fazer, da mesma forma que o governo estadual do Rio de Janeiro.
Melhorar a segurança pública, especialmente nas escolas públicas, é a melhor homenagem que os governos federal e estadual podem prestar aos que morreram na manhã deste dia 7 de abril de 2011.
Plenário do Senado Federal, 7 de abril de 2011
Senadora Marinor Brito – PSOL- PA
Fonte: Agência Senado – http://www.senado.gov.br/noticias
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário