segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Futuro: o que o Haiti tem a ver com isso?

O ano de 2011 chegou. Já alimenta e cria esperanças. As promessas de início de ano voltam à baila: deixar de fumar, emagrecer, beber menos, curtir mais a vida, mudar pra melhor. Mesmo que nem todas se realizem, é fundamental exercitar o desejo de mudança. O futuro não virá sem o esforço cotidiano de construir o amanhã.

E 2011? Será melhor que o ano que terminou? Esperamos que sim. Melhor, vamos lutar para que seja, posto que não faz parte de nossa índole somente esperar ou observar.
Os socialistas fazem questão de intervir na realidade, tentando arrancar a felicidade do solo bruto da terra arrasada pelo capital.

Dia desses vi uma reportagem sobre o Haiti. Emblemática. O país de um povo heróico, que em 1804 expulsou os dominadores franceses e se constituiu na primeira nação negra independente, parece não existir mais. Passados 200 anos vemos um Haiti destruído, um povo que não tem mais brilho nos olhos, nem orgulho de si. Guerras civis intermináveis, corrupção endêmica (só as ditaduras de Papa Doc e Baby Doc roubaram mais de 500 milhões de dólares dos cofres públicos) e fracasso de um modelo de monocultura baseado na produção de açúcar, deram o tom da miséria. Não bastasse isso, o terremoto do início do ano matou mais de 250 mil pessoas, deixou mais de três milhões feridos e simplesmente extinguiu com a já precária infraestrutura haitiana.

Dominado por forças internacionais, sem rede hospitalar, sem saneamento nem corpo de bombeiros, o país agoniza a céu aberto e diante dos olhos indiferentes do resto do mundo.

A cólera já dizimou mais de duas mil pessoas. Para enterrar um parente será necessário desembolsar cerca de 450 reais, quando a média de proventos não chega a 600. Ou se enterra o ente querido ou se alimenta.

O Haiti bem que poderia ser a General Motors ou o Lehman Brothers (um dos principais bancos americanos). Se assim fora, mereceria parte dos mais de 16 trilhões de dólares que os governos dos principais países destinaram para salvar bancos e montadoras durante a crise de 2008. Mas não. O Haiti não é uma empresa, não dá lucro. Lá o povo não fala inglês nem veste Armani. Não merece o apoio do capital.
Há muito tempo Rosa Luxemburgo, revolucionária polonesa assassinada em 1919 pela social-democracia alemã, fez um vaticínio trágico: socialismo ou barbárie.
Em outras palavras ou construímos um futuro onde o lucro e o capital não estejam no centro de todas as preocupações, ou o mundo caminhará para a barbárie.

Se formos honestos com os fatos, haveremos de constatar que a barbárie nos acompanha em muitas ocasiões.O alto desenvolvimento tecnológico não consegue esconder as mazelas medievais que se acumulam em todo o mundo. O capitalismo vive de criar riquezas e misérias, reservando ao povo a miséria.

Em 2011 enfrentaremos um governo Dilma, que nem bem começou já anuncia cortes nos gastos públicos e nos investimentos (o PAC incluído). Enfrentaremos ainda o ressuscitado PSDB de Jatene. Será um ano duro, de muitas lutas. Mas como socialistas, somos otimistas por natureza.

O PSOL estará como sempre esteve, na linha de frente das lutas populares. Resistindo e conquistando terrenos e alargando tendas na batalha pela felicidade e por um futuro digno.

Apesar de tudo acreditamos no futuro.


Fernando Carneiro

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